quarta-feira, janeiro 31, 2007

Debate acerca da Interrupção Voluntária da Gravidez em Fafe

A despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez vai estar em debate no próximo domingo, dia 4 de Fevereiro, no Estúdio Fénix, a partir das 21h30 numa iniciativa promovida pela Associação Cívica “Fafe Presente”.
Em palco estarão dois painéis de convidados, defensores do voto no "Sim" e no "Não", no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro, compostos por personalidades que se têm destacado na discussão feita em torno da temática do aborto nas últimas semanas.

Em defesa do "Não" estará o advogado e deputado do PP à Assembleia da República, Nuno Melo e a bioquímica e mandatária do Movimento Cívico “Minho Com Vida”, Margarida Quinta e Costa.

Do outro lado, na defesa do "Sim" estará o médico e deputado pelo BE na Assembleia da República, João Semedo e o professor de Direito Público na Escola de Direito da Universidade do Minho e ex Governador Civil de Braga, Pedro Bacelar e Vasconcelos.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Gasolina a partir de sacos plásticos reciclados é possível

Cientistas russos da Universidade Medelevev, em Moscovo, desenvolveram uma técnica de reciclagem que permite a produção de um litro de gasolina a partir de 1 quilo de sacos de plástico reciclado. É que o plástico e a gasolina são derivados do petróleo.
O semanário Sol diz ainda que vários esforços estão a ser feitos, inclusivamente alguns em fase de comercialização, tendo em vista a reciclagem de subprodutos do petróleo, mas este é o primeiro que gera gasolina pura.

A tecnologia desenvolvida é baseada no tratamento termal catalisado de materiais poliméricos. Os rejeitos plásticos devem ser simplesmente moídos e derretidos, sem necessidade de lavagem. A seguir é adicionado o catalisador em pó e a mistura é exposta à destruição termal, o que acontece numa espécie de «panela de pressão», com temperatura e pressão definidas.

Para cada litro de gasolina produzido, o processo gera ainda uma pequena quantidade de uma substância viscosa parecida com o piche. Como é inflamável, esse rejeito também pode ser reaproveitado.

Ainda segundo o mesmo jornal, os investigadores não divulgaram detalhes sobre a composição do catalisador, já que é nele que se encontra o «segredo» da descoberta que está a ser patenteada.
Um protótipo do sistema já está em funcionamento contínuo no laboratório da Universidade.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Investigação comprova que rir é mesmo contagioso

O que pode parecer apenas uma impressão, acaba de ganhar uma explicação científica: O riso é contagioso. A causa é a acção dos chamados "neurónios-espelho", que tendem a copiar o comportamento do nosso interlocutor. O papel dessas células já é bem conhecido nos aspectos visuais da comunicação entre primatas, principalmente no que se refere a actividades motoras.

Por exemplo, quando duas pessoas estão à conversa e uma cruza a perna ou os braços, ou mexe no cabelo, ou franze a testa, quase imediatamente a outra vai fazer a mesma coisa. Os neurônios-espelho explicam também por que bocejamos ao ver outra pessoa abrir a boca e nos emocionamos ao ver um filme triste. Estes neurónios estão ligados à nossa capacidade de compreender os sentimentos de outras pessoas, imitar gestos e entender o seu significado.

Segundo a notícia divulgada pela publicação Psicologia e levada a cabo por uma equipa de investigadores liderados por Sophie Scott, do Instituto de Neurociência Cognitiva da University College London, ficou demonstrado que as regiões do córtex pré-motor (área do cérebro ligada à linguagem) activadas durante os movimentos faciais, também estão envolvidas no processo auditivo de vocalizações não-verbais afectivas. Os neurónios-espelho não agem apenas ao «ver» um gesto ou uma emoção, mas são accionados pelo simples som efectuado: “Parece que é absolutamente verdade aquela expressão: sorri e o mundo inteiro vai sorrir contigo”, comentou Sophie Scott.

Mas os investigadores pretendem ainda mostrar que este facto não ocorre com qualquer sentimento, mas principalmente com os mais positivos. Para comprovar a tese, os investigadores expuseram voluntários a uma série de sons, enquanto mediam a resposta do cérebro com imagens por ressonância magnética funcional. Alguns dos sons eram positivos, como risadas ou “u-hus” de triunfo, e outros eram desagradáveis, como gritos ou sons de gente a vomitar. Todos os sons desencadearam uma resposta na região do córtex pré-motor dos cérebros dos voluntários.

A resposta foi mais significativa para os sons positivos, sugerindo que eles são mais contagiosos do que os negativos. Para os cientistas, isso explica por que normalmente respondemos com um sorriso involuntário a uma gargalhada ou comemoração. É que, a resposta do cérebro - reflectir o comportamento e o estado emocional dos outros automaticamente, levando a pessoa a também sorrir - ajuda os seres humanos a interagirem socialmente e a fortalecer as relações entre os indivíduos de um grupo. “Este mecanismo neural tão básico, encontrado também entre macacos, certamente foi fundamental para estabelecer a coesão dentro dos grupos sociais primatas”, explica Sophie Scott.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Investigador português distinguido pela IEEE

O investigador José Carlos Pedro, do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da Universidade de Aveiro (UA), foi distinguido pela Instituição Internacional de Engenharia Electrotécnica pelos seus trabalhos na área dos sistemas de comunicação sem fios.
Segundo o Diário de Notícias, a mais reputada organização científica internacional da área da engenharia electrotécnica - o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) - atribuiu o título de "fellow member" a este professor, pelo seu contributo na área de 'análise da distorção não linear dos dispositivos e circuitos de radiofrequência e microondas'. Trata-se de uma área de investigação científica, que tem vindo a ganhar importância na concepção dos modernos sistemas de comunicações sem fios e sistemas de comunicações por satélite.

O número de membros do IEEE que ascendem ao estatuto de "fellow", em cada ano é, de acordo com a informação da Universidade de Aveiro, de um em cada 1000, no máximo. Em Portugal três investigadores já receberam esta distinção.

O IEEE é uma organização sem fins lucrativos que se encontra em mais de 150 países, direccionada sobretudo para áreas como sistemas aeroespaciais, computadores e telecomunicações, engenharia biomédica, energia eléctrica e consumidores eléctricos.

domingo, janeiro 21, 2007

Morreu a poetisa Fiama Hasse Pais Brandão

Morreu aos 69 anos em Lisboa, vítima de doença de Parkinson, a poetisa Fiama Hasse Pais Brandão. Foi também dramaturga, ensaísta e tradutora, mas o seu talento destacou-se sobretudo na Poesia. O "Aquário", "Cantos do Canto" ou "Obra Breve" são alguns dos títulos mais significativos da sua obra poética.
A escritora, nascida em 1938, em Lisboa, recebeu em 1957 o Prémio Adolfo Casais Monteiro por "Em Cada Pedra Um Voo Imóvel". E mais recentemente, em 1996, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. Em 2001 foi uma das galardoadas com o Prémio Literário do PEN Clube Português, com o livro "Cenas Vivas".

Depois de ter casado com o poeta Gastão Cruz, dedicou-se à escrita para teatro, sendo uma das fundadoras do Teatro Hoje, em 1974. Tendo sido já em 1961, com a sua primeira peça "Os Chapéus-de-chuva", distinguida com o Prémio Revelação de Teatro.


Traduziu Brecht, Artaud e Novalis e colaborou com revistas literárias, como Seara Nova, Cadernos do Meio-Dia, Brotéria, Vértice, Plano, Colóquio-Letras, Hífen, Relâmpago e Phala.



Ao nível do ensaio escreveu, entre outros, "O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos", sobre a influência cabalística em diversos autores portugueses dos séculos XVI a XVIII.

Para a eternidade fica a sua obra, como este poema de sua autoria: "Tantos poetas morreram, em minha vida, / antes de mim, não só no sangue ou só na carne, / mas na portuguesa língua. / Deles fica a obra que fizeram. / Todavia vocábulos, para sempre / insonoros, ou no futuro incriados, / demonstram que os poetas todos / morrem sempre mais na língua".

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Adultério poderá ser punido com prisão perpétua nos EUA

Os adúlteros de Michigan, nos Estados Unidos, poderão ser condenados a prisão perpétua por infidelidade. A decisão foi tomada pela segunda maior instância judicial do estado americano, que considera a infidelidade como um crime sexual.
A decisão tomada no passado mês de Novembro já recebeu críticas e, segundo relata o jornal Detroit Free Press e transcreve o Portugal Diário, o juiz William Murphy, em nome do tribunal, refere que "não podemos deixar de nos perguntar se a assembleia legislativa estadual pretendia isso, mas estamos obrigados pelo texto da lei a chegar a essa conclusão. Tecnicamente, quando uma pessoa mantém uma relação adúltera que inclui a penetração é culpada de conduta sexual criminosa em primeiro grau" - a forma de assédio sexual mais grave no código penal de Michigan, diz o texto citado pelo jornal.

A polémica decisão foi tomada num caso, em que um homem, em duas ocasiões, trocou drogas por favores sexuais com uma empregada de balcão. Os juízes recuperaram uma antiga disposição estadual, pela qual uma pessoa é considerada culpada de conduta sexual criminosa "quando a penetração sexual ocorre sob circunstâncias que supõem qualquer outro crime grave", como foi o caso.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Desdobrável a incentivar o «não» à despenalização do aborto dá que pensar

Depois de vários anos de debate e tentativa de esclarecimento acerca da questão do aborto, a argumentação que é feita por parte da organização "Acção Família", movimento pelo «não» à despenalização do aborto, no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro, é através de um desdobrável sobre Nossa Senhora de Fátima que incentiva o voto "não" por parte dos católicos e que está a ser distribuído, não só em Fátima, na zona do santuário, como um pouco por todo o país.

Neste panfleto, que também está a ser colocado nas caixas de correio, escreve-se: "No ano em que se comemora o 90.º aniversário das aparições de Fátima, Nossa Senhora chora e ela chora por milhares de inocentes que podem perder a vida, antes mesmo de darem o primeiro gemido", acrescentando adiante "é indispensável você ir às urnas e responder 'não' para dizer que não está de acordo com o assassinato brutal de inocentes, ainda no ventre materno. Esta é a resposta que a Santíssima Virgem espera de si".

Na página principal surge a imagem da figura mariana e a frase: "Não decepcionemos a nossa mãe do Céu", diz este desdobrável que não se abstem de fazer negócio, pedindo aos crentes que comprem um terço, doando em troca dez euros.

Em Portugal, oito em cada mil mulheres em idade fértil (entre os 15 e 44 anos) recorreu à interrupção da gravidez – entre abortos ilegais e clínicos. Um número que coloca o País no fundo da tabela do ‘ranking’ europeu de abortos, ligeiramente à frente da Alemanha, bem próximo de Espanha, mas ainda longe do Reino Unido, que possui uma das maiores taxas da União Europeia.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Ricardo Rio fala em "esvaziamento de iniciativas, projectos e ideias" em Braga

O presidente da Comissão concelhia do PSD de Braga, Ricardo Rio, defendeu ontem um novo modelo de gestão autárquica, assente na cooperação supra-municipal em relação aos grandes projectos da região. Aproveitou ainda para tecer duras críticas à Grande Área Metropolitana (GAM) de Braga pelo seu "esvaziamento de iniciativas, projectos e ideias".

Os grandes projectos a que se refere e para os quais criou este novo modelo são, nomeadamente o caso do Metro de Superfície, o Comboio de Alta Velocidade e a criação de um novo Parque de Exposições ou Centro de Congressos.

Segundo uma notícia avançada pelo Jornal de Notícias, Ricardo Rio, na apresentação dos novos objectivos estratégicos do projecto de mudança designado "Braga 2009", elege a Economia, o Urbanismo, a Cultura e o Ambiente como áreas prioritárias de intervenção autárquica. Segundo o representante, este é um projecto em que o PSD visa um novo modelo de gestão autárquico, assente no desenvolvimento das reais condições de vida dos bracarenses.

O líder da oposição na Câmara Municipal de Braga criticou a falta de políticas locais de apoio ao desenvolvimento económico do concelho e, simultaneamente, o "crescimento descaracterizado da cidade, ao nível das novas áreas urbanas", acrescentando que "a requalificação do Rio Este e a valorização dos espaços verdes são outros planos estratégicos", e definindo como prioridade ambiental para Braga, a criação de "um verdadeiro parque da cidade".

Ricardo Rio diz também que a Câmara de Braga deixou de conseguir defender os interesses dos bracarenses, referindo como exemplo, os processos da construção do Novo Hospital de Braga e o adiamento dos projectos dos quartéis da PSD e da GNR.

sábado, janeiro 13, 2007

Paulo Macedo convidou os «seus» funcionários a irem à missa

Paulo Macedo encomendou uma missa de acção de graças pela sua Direcção-Geral (DGCI) e pelos «seus» funcionários. A invulgar iniciativa teve lugar na passada quarta-feira, pelas 18:30, na Sé Patriarcal de Lisboa.
O convite foi feito aos funcionários do Fisco oralmente e pelas respectivas cadeias hierárquicas, ao fim da tarde de terça-feira.

No entanto, e de acordo com o Sol, fonte do Ministério das Finanças quis deixar claro que "o Estado é laico. Respeita-se a liberdade religiosa das pessoas, ninguém é obrigado a ir", acrescentando ainda ser "uma missa normal, em que será feita menção à Direcção-Geral dos Impostos e aos seus funcionários" que será celebrada a título gratuito pelo patriarcado de Lisboa.

Fonte oficial do gabinete de Teixeira dos Santos, justificou ainda que "iniciativas deste género não são inéditas", lembrando que a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo tem similar tradição anual.

Maioria dos portugueses opõe-se a casamentos homossexuais

Os portugueses estão entre os europeus que menos concordam com o casamento entre homossexuais ou a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, segundo um estudo sobre a opinião pública na União Europeia, divulgado por Bruxelas e publicado pelo Diário de Notícias.

As conclusões de um inquérito realizado no passado ano, em que foram ouvidas quase 30 mil pessoas nos 25 Estados-membros, mostram que 44 por cento dos europeus estão de acordo com o casamento entre homossexuais, sendo essa percentagem de apenas 29 por cento em Portugal.
(O inquérito alargou-se já à Bulgária e Roménia, bem como à Croácia, Turquia e comunidade cipriota turca).

Como valores pessoais mais importantes, os europeus elegem o usufruto da paz e o respeito pela vida humana e pelos direitos do Homem. No entanto, quanto a outras questões, os resultados variam muito de país para país. Do lado dos mais conservadores estão a Letónia (12 por cento), Chipre (14 por cento) e a Grécia (15 por cento). Já a Holanda (82 cento), a Suécia (71 por cento) e a Dinamarca (69 cento) têm uma posição diferente.

Portugal contrasta com a vizinha Espanha, onde 56 por cento estão de acordo com os casamentos homossexuais e onde este é já autorizado. Assim como na Holanda, Bélgica, Suécia e Reino Unido.

A opinião sobre a adopção de crianças por casais homossexuais segue a mesma tendência, com 19 por cento de portugueses a afirmar o seu acordo, numa média europeia de 32,5 por cento.

A Polónia (7 por cento), Malta (7 por cento) e Letónia (8 por cento) são os que menos aceitam esta possibilidade, enquanto que do outro lado da lista, estão mais uma vez, a Holanda (69 por cento), Suécia (51 por cento) e Dinamarca (44 por cento).

Por outro lado, foi também apurado neste inquérito que, Portugal bate o recorde dos que concordam com a necessidade de mais igualdade e justiça, mesmo que isto signifique menos liberdade para o indivíduo, com 80 por cento dos inquiridos a concordar com a afirmação, para uma média europeia de 64 por cento.

Mas surpreendentemente, os portugueses estão entre os que pensam que os imigrantes contribuem muito para o país, com 66 por cento de respostas nesse sentido, contra uma média europeia de 40 por cento.

Também metade dos portugueses (50 por cento) pensa que a religião tem um peso demasiado importante na sociedade, contra 46 por cento na UE. No que respeita à legalização de «cannabis», os portugueses (27 por cento) estão perto da média europeia (26 por cento).

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Pitbull Terrier é uma raça proíbida na Inglaterra

Foi no dia 1 de Janeiro de 2007 que uma criança de apenas cinco anos morreu, depois de ser atacada por um pitbull Terrier. Esta raça é proíbida em Inglaterra, e foi necessário acontecer esta morte para as autoridades porem em prática um plano traçado há três meses: "caça aos pitbull e aos donos que os treinam para lutas de cães". Chocadas com esta tragédia, as pessoas têm ajudado a polícia, denunciando quem possua esta raça. Desde então, foram capturados 28 pitbull Terrier e detidas 13 pessoas que possuiam estes animais.
Os cães de raça tosa (japonesa), dogo (argentina) e fila (brasileira) também são proíbidos, desde 1991, na Grã-Bretanha. Os infractores da lei estão sujeitos a uma pena de multa e uma pena de prisão que pode ir até aos seis meses.

Pitbull refere-se a um conjunto de raças de cães, tais como American Pitbull Terrier, American Staffordshire Terrier, entre outros.
Esta raça teve origem no século XIX. Na época em que foram proíbidos pelo parlemento inglês, em 1835, estes cães eram usados para atacar touros colocados numa arena, esta prática tinha o nome de bull bating. Este tipo de espetáculo servia para as pessoas se distrairem das doenças e da violência que existia na altura. Quando foi proíbido o bull bating, os criadores resolveram criar cães para lutas. "Começaram com o bulldog, misturaram algum sangue de Terrier, e produziram o Bull Terrier".
Mas, nesta história há uma controvérsia uma vez que, nas primeiras décadas do século passado, estes animais tiveram uma reputação de cães leais e merecedores de confiança.
"Os pitbulls podem ser bons animais de estimação, mas devem ser tratados com cuidado e respeito por quem decidir criá-los".

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Musicoterapia começa a dar os «primeiros passos» em Portugal

Quando se fala em terapia, imagina-se o paciente a utilizar a fala, mas cantar ou tocar um instrumento musical pode ser a melhor das terapias. Sobretudo se houver dificuldades em falar, a música pode tornar-se o melhor meio de comunicação.

Apesar de ainda pouco divulgada em Portugal, a musicoterapia como alternativa à psicoterapia comum, está agora a dar os «primeiros passos» no território português. Sendo ainda muito recente enquanto actividade profissional, é de notar o aumento dos cursos de formação alargados, donde saem técnicos habilitados.
A musicoterapia insere-se no grupo das terapias experienciais, caracterizando-se por ser uma intervenção na saúde mental, que trabalha a relação terapêutica e os problemas de ordem psicológica através da actividade musical.

Esta terapia, que pode ser de grupo ou individual, não é apenas para crianças e pessoas portadoras de doenças mentais, como por vezes se pensa, apesar de para estes doentes, poder ser uma forma alternativa de fazer uma terapia de apoio.

Em entrevista à publicação Psicologia, a psicóloga Teresa Leite refere que, no caso dos pacientes com doença mental “ao fazer música, assim como ao pintar, ao ler ou ao escrever, a pessoa faz coisas criativas que fazem parte da sua vida saudável e podem atenuar os efeitos da doença. Trabalha-se a diferenciação do outro e o sentido de «se eu quero isto…eu faço isto…eu construo». Constrói-se uma música: decide-se o que tocar e como se quer tocar. No fundo, faz-se um projecto criativo, mas sempre centrado em assuntos de carga simbólica.
Na produção musical trabalha-se também com o improviso, havendo sempre um papel activo do indivíduo. Os pacientes mobilizam-se na produção de algo que os faz reflectir no seu modo de funcionar, descobrindo como podem fazer as coisas de maneira diferente: "Da mesma forma que a psicoterapia é uma conversa moldada à pessoa que a faz, a musicoterapia é uma intervenção moldada à pessoa que a recebe", acrescenta a psicóloga.

A especialista está, neste momento, a desenvolver um trabalho com crianças da Casa Pia, que têm dificuldade em falar das suas próprias dificuldades, e que têm problemas de integração e de relacionamento social. Trabalha com estas crianças a hiperactividade, a ansiedade, a baixa resistência à frustração e a dificuldade em controlar os impulsos e em fazer coisas que «venham de dentro para fora». Sendo este “um trabalho lento e de preserverança”, afirma esta psicóloga, doutorada em Psicologia Clínica de Terapias de Grupo, pela Adelphi University, EUA.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Cemitério de Pianos de José Luís Peixoto

À procura, procura o vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força é imortal.

Estas são palavras de José Luís Peixoto, no seu mais recente romance Cemitério de Pianos.

Cemitério de Pianos conta a história do clã Lázaro, uma família com pai, mãe, filhos e netos, residente em Lisboa, na freguesia de Benfica. Também nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, o maratonista português Francisco Lázaro morre ao quilómetro trinta. Era carpinteiro numa oficina do Bairro Alto. Por aqui há passeios em Monsanto, há a telefonia a tocar, há semáforos e há telefones na casa do carpinteiro, quatro coisas que não existiam em 1912.

José Luís Peixoto alcança, desta forma, uma ponte entre a «realidade real» de um carpinteiro atleta de 1912 e uma família dum certo tempo português. Uma família que coloca o amor e a morte em doses iguais e onde se respira o verso dum folheto: "Enquanto um de nós estiver vivo seremos sempre cinco".
As palavras do escritor ligam duas realidades que o tempo separou e são um ponto de encontro entre verdade e ficção. Mas sem equívocos: "O tempo, conforme um muro, uma torre, qualquer construção, faz com que deixe de haver diferenças entre a verdade e a mentira. O tempo mistura a verdade com a mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha acontecido e com aquilo que contaram que me aconteceu. A minha memória não é minha. A minha memória sou eu distorcido pelo tempo e misturado comigo próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento".
Este Cemitério de Pianos é uma metáfora do Tempo Português do século XX. E o testemunho de que a única resposta à morte só pode ser o amor.

José Luís Peixoto nasceu em Galveias, Portalegre, em 1974. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e foi professor do ensino secundário. Colabora regularmente em vários jornais e revistas e escreve para teatro e para cinema. Em 2001 recebeu o prémio José Saramago pelo romance Nenhum Olhar. Em 2002 foi o primeiro autor português convidado para a residência de escritores Ledig House, em Nova Iorque.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

UE regulamenta transporte de animais

Melhorar o bem-estar e reduzir os danos causados pela deslocação são os principais objectivos do novo regulamento sobre transporte de animais  no espaço da União Europeia.
De acordo com as novas regras, os veículos que transportem animais por um período mínimo de oito horas, terão que ser alterados e aprovados oficialmente, sendo obrigatório que passem a incluir um sistema de localização por satélite e a climatização adequada aos animais transportados. Também os condutores e tratadores vão ter de receber treino específico e obter um certificado. Por outro lado, passa a ser proibido transportar animais recém-nascidos e fêmeas a menos de uma semana do parto.

A comissão optou por um regulamento e não por uma directiva, por considerar que a sua aplicação, neste caso, seria mais eficaz, uma vez que harmoniza as legislações nacionais já existentes e é de aplicação directa.

A médio prazo prevê-se ainda que, para trajectos de longo curso, seja aumentado o espaço em função da espécie animal e da duração da viagem, sendo proibido amarrar os animais. O regulamento estipula também a melhoria das condições de transporte nos navios, como por exemplo a inclinação das rampas, entre outras imposições.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Preservativo molecular para prevenir HIV está a ser testado

Um líquido que se transforma numa cobertura de gel quando inserido na vagina e que, depois em contacto com o sémen retorna à forma líquida, libertando uma substância para atacar o vírus HIV, está a ser desenvolvido por cientistas da Utah University, EUA.

Este novo gel vaginal, apelidado de «preservativo molecular», é constituído por moléculas que são líquidas à temperatura ambiente e que, quando aplicadas na vagina, espalham-se e transformam-se num gel, cobrindo efectivamente o tecido. Contudo "não é um método contraceptivo, pois não impede a chegada de espermatozóides ao útero, o maior objectivo desta tecnologia é proteger as mulheres e os seus filhos no útero ou recém-nascidos de serem contaminados com o vírus da sida", afirma Patrick Kiser, o investigador líder do projecto, ao Primeiro de Janeiro.

O preservativo molecular faz parte de um esforço global para desenvolver microbicidas - géis, esponjas, anéis ou cremes - que impeçam a infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis. O objectivo é que possam conceder às mulheres a capacidade de se protegerem, particularmente em países pobres, onde a sida é mais propagada e os preservativos de difícil acesso ou o seu uso considerado ainda tabu.

Bem-vindo 2007

Este é mais um novo ano de uma fotografia contínua... de um punctum permanente...

Ainda ontem me considerava
Um fragmento a vacilar sem ritmo
Na esfera da vida
Hoje sei que sou esfera
E toda a vida em fragmentos rítmicos
Se move dentro de mim

Kahlil Gibran

Sente frio. Calor. Algum tremor.
Lá fora uma manhã primaveril que alterna o chilrear dos pássaros com o esvoaçar das andorinhas. No horizonte? O que se quiser: Azul celeste… turquesa… marinho… azul. Para ele feitiço. Que cega. Cega o passado. Cega o futuro. Cega o presente. Caixa de qualquer iguaria? Aroma estacionário? Talvez escadarias de cetim... sem fim. Porquê? Porque ele espera. Espera que o azul termine. Espera que o tempo mude. Espera. Mas o que mais necessita de mudar, não muda: Também aqui permanece à espera. À espera do mundo. À espera sentado.
Lá fora a Primavera permanece de pé, deixando cair sobre a terra o seu festim. Festim de cores. Areal de sabores. Notas musicais. Melodias banais que atravessam a janela do seu quarto e chegam a ele, sentado por detrás do véu que o separa do frio. Do calor. Do tempo. Ainda assim, sente a brisa a tocar-lhe a pele, sente a pele a fechar-lhe os olhos e deixa-se adormecer. Sonha sentado: Ve o vento… o ar. Movo o fogo… a água. Escuta a terra. Oásis renascidos, rotas tingidas, palavras esquecidas despidas de vida. Vê o que nunca viu. Não há céu nem véu. Ondula no tempo. Saboreia o infinito. Ouve uma folha a ruir e, também lá no fundo, um fruto a cair de uma árvore por ninguém ter olhado para ele. Por ninguém ter chegado a tempo. O mesmo tempo que ainda lhe resta. Os mesmos restos que o despertam: três… dois… um… e o tempo não pára.
É o sinal.
O sonho acorda e acorda-o a ele. Ele acorda o seu silêncio.
Temeu a noite. Por sorte ainda era dia. Sai à rua e deixa-se ir à deriva no tumulto das multidões. Não tem a certeza de ter alguma vez estado naquele local. No entanto, já não sente frio. Já não sente calor. E nem as nuvens cinzentas que lá no alto se fazem espreitar, o fazem parar.
Continua em frente. Enquanto anda olha em volta e fixa o olhar em coisas que nunca veria se não tivesse esfriado o banco. Acredita no sonho. Quer chegar a tempo de olhar de novo a árvore. Resgatar o fruto. Percorrer em busca de novos frutos para desenhar na sua tela.
Recorda o dia em que lhe fora dada: Houve risos, houve choros, houve alegria. Escutaram-se os parabéns. Ofereceram-se presentes. Estava deserta a sua tela, tal como ele. Cresceram juntos e juntos permanecerão. Cada dia inventando um tom… um traço… uma linha… realçando uma nuance imperceptível.
Por vezes sai tremido o traço. Não gosta. Queria poder apagá-lo. Mas, depois quando continua o tracejado, apercebe-se de que foi com aquele traço tremido, feio, perdido, que conseguiu perseguir novos traços, persistir em novas linhas. Mais exigentes. Mais consistentes.
Insiste.
E sente-se artista. Artista da sua tela. Artista da sua vida – e o objectivo profundo do artista é dar mais do que aquilo que tem! (Paul Valéry)
Passa horas na mesma loja à procura do tom de tinta certa. Não gosta de deixar nada ao acaso. Gosta de poder escolher o pormenor. Talvez por isso saiba que nunca ficará pronta a sua tela. Queria tanto pendurá-la na parede do seu quarto. Mas não se importa e diz ser boa a sensação de querer chegar ao fim, mesmo sabendo não haver fim.
Infimamente inacabada. Infimamente sua. Nunca ficará pronta de facto.
Mas também o que faria ele, depois, nos seus tempos mortos?


feliz 2007