quarta-feira, janeiro 10, 2007

Musicoterapia começa a dar os «primeiros passos» em Portugal

Quando se fala em terapia, imagina-se o paciente a utilizar a fala, mas cantar ou tocar um instrumento musical pode ser a melhor das terapias. Sobretudo se houver dificuldades em falar, a música pode tornar-se o melhor meio de comunicação.

Apesar de ainda pouco divulgada em Portugal, a musicoterapia como alternativa à psicoterapia comum, está agora a dar os «primeiros passos» no território português. Sendo ainda muito recente enquanto actividade profissional, é de notar o aumento dos cursos de formação alargados, donde saem técnicos habilitados.
A musicoterapia insere-se no grupo das terapias experienciais, caracterizando-se por ser uma intervenção na saúde mental, que trabalha a relação terapêutica e os problemas de ordem psicológica através da actividade musical.

Esta terapia, que pode ser de grupo ou individual, não é apenas para crianças e pessoas portadoras de doenças mentais, como por vezes se pensa, apesar de para estes doentes, poder ser uma forma alternativa de fazer uma terapia de apoio.

Em entrevista à publicação Psicologia, a psicóloga Teresa Leite refere que, no caso dos pacientes com doença mental “ao fazer música, assim como ao pintar, ao ler ou ao escrever, a pessoa faz coisas criativas que fazem parte da sua vida saudável e podem atenuar os efeitos da doença. Trabalha-se a diferenciação do outro e o sentido de «se eu quero isto…eu faço isto…eu construo». Constrói-se uma música: decide-se o que tocar e como se quer tocar. No fundo, faz-se um projecto criativo, mas sempre centrado em assuntos de carga simbólica.
Na produção musical trabalha-se também com o improviso, havendo sempre um papel activo do indivíduo. Os pacientes mobilizam-se na produção de algo que os faz reflectir no seu modo de funcionar, descobrindo como podem fazer as coisas de maneira diferente: "Da mesma forma que a psicoterapia é uma conversa moldada à pessoa que a faz, a musicoterapia é uma intervenção moldada à pessoa que a recebe", acrescenta a psicóloga.

A especialista está, neste momento, a desenvolver um trabalho com crianças da Casa Pia, que têm dificuldade em falar das suas próprias dificuldades, e que têm problemas de integração e de relacionamento social. Trabalha com estas crianças a hiperactividade, a ansiedade, a baixa resistência à frustração e a dificuldade em controlar os impulsos e em fazer coisas que «venham de dentro para fora». Sendo este “um trabalho lento e de preserverança”, afirma esta psicóloga, doutorada em Psicologia Clínica de Terapias de Grupo, pela Adelphi University, EUA.