quinta-feira, maio 31, 2007

Vítima de maus-tratos absolvida pelo assassinato do marido

A sexagenária mulher, vítima de violência doméstica, foi absolvida pelo tribunal de S. João Novo, no Porto, concluindo este que foi um acto de legitima defesa, isto na sequência de décadas de maus-tratos.

Para evitar que fosse mais uma entre as 39 mulheres vítimas de violência doméstica que morreram este ano, Maria Clementina defendeu-se, tal como referiu o juiz-presidente do colectivo da 4ª Vara de S. João Novo, João Grilo, na leitura do acórdão.

O Tribunal, na avaliação do colectivo, decidiu que a vitima agiu “sob forte pressão psíquica” uma vez que os maus-tratos já se arrastavam há quatro décadas e afectavam as filhas do casal indirectamente.

Em Setembro de 2004, na zona de S. Roque da Lameira, as filhas da arguida foram ameaçadas pelo marido com uma foice-martelo na cozinha da casa do casal, sendo esta a agressão que mais marcou este processo. A vítima, segundo o juiz-presidente, agiu em legítima defesa quando matou o cônjuge, uma vez que se tratou de um "episódio tremendamente traumático" para a família, que tal com o afirma o juiz era uma família que carecia de alguma consonância e portanto era “completamente disfuncional” e vivia numa situação de "quase esclavagismo".

O caso serviu de” exemplo” para todas as famílias de maus-tratos, tal como disse a arguida em causa. A Decisão do tribunal recebeu o louvor de quatro dezenas de pessoas que, assistiram à leitura do acórdão e aplaudiram em solidariedade com a incriminada.

domingo, maio 27, 2007

Paul Newman anuncia a sua retirada do cinema

O conhecido actor de cinema, Paul Newman de 82 anos, anunciou, no programa “Good morning America”, da ABC, a sua retirada do mundo da Sétima Arte. “Actuei durante 50 anos. E basta!” afirmou o actor. As justificações dadas por Paul Newman para a sua reforma foram a perda de memória, confiança e imaginação, associadas à sua idade. Para o actor, a sua carreira é “um capítulo praticamente encerrado”. Agora, Paul Newman pretende dedicar-se ao seu restaurante de comida ecológica, o Dressing Room. Este, fica situado próximo da sua casa de Westport, Connecticut (Estados Unidos). Participa também em várias campanhas de beneficência, tendo cedido o seu nome a uma série de pratos. Todos os lucros resultantes dos seus negócios são para ser doados a instituições de caridade. Graças às suas acções de solidariedade, Newman foi nomeado, em 1990, Pai do Ano pela UNICEF.
A sua carreira está recheada de sucessos, tendo sido um dos actores com mais nomeações para os Óscares, apesar de só ter ganho por três vezes a estatueta dourada. Ganhou em 1985 o Óscar Honorifico, pelo conjunto da sua carreira, em 1986, como melhor actor no filme “ A cor do dinheiro” e em 1994 o Prémio Humanitário Jean Hersholt. A sua estreia no cinema em 1954 em “O Cálice de Prata”, mas só em 1956 é que começou o seu êxito com o filme “Marcado pelo Ódio”. Em 2002 participou no seu último filme, “Caminho para a Perdição”, ao lado de Tom Hanks, realizado por Sam Mendes. Deu voz a Doc Hudson, em 2006, um dos carros do filme de animação Cars, dos estúdios Pixar.

sábado, maio 26, 2007

Celebração do centenário de John Wayne

Marion Robert Morrison mais conhecido no mundo da sétima arte como John Wayne, faria hoje 100 anos. Duke, forma como era tratado, ficou famoso por participar em filmes de “cowboys” e “westerns”. A grandiosidade de John Wayne é reconhecida por Garry Willis que disse “Se quiserem estudar um actor, estudem Brando; querem estudar uma estrela, estudem Wayne”. O actor foi imortalizado em filmes como “A Desaparecida”, “El Dorado”, “Álamo”, entre outros. Para celebrar este dia, a indústria cinematográfica resolveu prestar-lhe uma série de homenagens. O Festival de Cannes, em França, a cidade de Hollywood, nos EUA, a sua terra natal e a Califórnia, serão os locais escolhidos para as mesmas. No Festival de Cannes, por exemplo, serão exibidos dois dos seus clássicos, “Rio Bravo” e “Hondo”. Como atracção para a celebração da data, a sua cidade natal, em Winterset, no Iowa, planeia visitas à casa onde nasceu, concursos de sósias, feiras e sessões de cinema com os seus filmes. Esta cidade tem ainda o sonho de um dia poder construir, na casa onde Wayne nasceu, um Museu em sua homenagem.
Contudo, a cidade que o viu despertar para a sétima arte, Newport Beach, na Califórnia, parece ter-se esquecido dele. A casa onde viveu com a sua família sofreu tantas modificações, que já nem consta da rota turística da sua homenagem, outro exemplo é o facto de o aeroporto baptizado de John Wayne poder perder esse nome e passar a denominar-se Orange Country.
Em Newport Beach , 11 de Junho de 1979, um cancro dos pulmões roubava-lhe a vida.

quarta-feira, maio 23, 2007

O criador de Tintim faria ontem 100 anos


Georges Prosper Remi, mais conhecido por Hergé, faria ontem 100 anos. Nascido em Bruxelas a 22 de Maio de 1907, Hergé ficou famoso após ter criado o repórter de banda desenhada (BD) Tintim. João Paiva Boléo, divulgador de BD afirmou “não há referências na banda desenhada que se comparem a Hergé e ele foi precursor na Europa”.
Em Janeiro de 1929 , com apenas 22 anos, Hergé criou Tintim para um suplemento do Jornal Le Vingtième Siècle. No entanto, o sucesso da personagem permitiu ao autor trabalhar nela durante quase cinquenta anos (entre 1930 e 1976). Contudo, Hergé sonhava ser gráfico, como frisou João Paiva Boléo “ele tinha aspirações a ser um gráfico e chegou a fazer desenhos publicitários nos anos 1930, deixando trabalhos com um sentido moderno do seu tempo”. Porém, o grande sucesso do repórter de cabelo em pé acabou por resultar em mais de vinte álbuns com histórias “ricas e bem construídas, com personagens cativantes que fazem um resumo da natureza humana”, frisou Boléo, considerando-se mesmo um Tintinófilo”.
A preto e branco, Tintim no país dos sovietes, foi a primeira história e, segundo Geraldes Lino, bedéfilo, “revelava um traço tosco e mal desenhado”. Porém, o seu estilo designado de “linha clara”, foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, através das novas histórias.
Além do inegável sucesso de Tintim, o autor criou ainda, em 1930, a série “Quick & Flupke”, também publicada em Portugal com o título de “Tropelias de Trovão & Relâmpago”. Uns tempos mais tarde concebeu aquela que foi considerada a segunda série mais importante dele, “Quim e Filipe”. Desenhou, em 1936, a série “Jo, Zette & Jocko”, também publicada em Portugal com o nome de “Joana, João e o macaco Simão”.
Adolfo Simões Muller, editor de Hergé no nosso país, foi o responsável por, em 1936, Portugal ter sido o primeiro país em todo o mundo a publicar as aventuras de Tintim a cores. Como curiosidade, refira-se o facto de Hergé ter criado uma personagem portuguesa, o comerciante Oliveira da Figueira, no livro Tintim na América.
Hergé faleceu a apenas dois meses de completar 76 anos, a 3 de Março de 1983.
Imagem:SAPO

segunda-feira, maio 21, 2007

Será interessante insistir na preservação das palavras?

A morte dos vocábulos é natural no contexto evolutivo da língua. Mas será que devemos insistir na sua preservação? Eis a dúvida que se põe aos especialistas e utilizadores da palavra.

Contrariando a corrente linguística, alguns professores e escritores portugueses defendem que a tendência para simplificar a fala e a escrita quotidianas espelha o empobrecimento do uso da Língua. Por seu lado, os linguistas atribuem esse facto ao empobrecimento de raciocínio e ao défice cultural dos falantes.

Recentemente, a Escola de Escritores de Madrid, juntamente com a sua congénere de Barcelona, lançou uma campanha na Internet convidando os utilizadores a elegerem uma palavra castelhana e catalã em risco de desaparecer devido ao seu crescente desuso por causa de estrangeirismos ou termos «tecnocráticos e politicamente correctos».

Desconhece-se se esta iniciativa teve repercussões na alteração de usos linguísticos em Espanha ou noutros países hispânicos mas, em cerca de um mês, mais de dez mil palavras «recuperadas» foram pronunciadas por 21.632 pessoas, entre personalidades da literatura, cinema, música, jornalismo, política e ensino.

Inspirados na experiência espanhola, dois rivais deputados chilenos esqueceram, momentaneamente, as desavenças políticas e comprometeram-se a pronunciar, pelo menos três vezes por ano, uma palavra em desuso e a escrevê-la nos seus discursos e comunicados, convidando a presidente do país e líderes de opinião a repetirem o gesto.


Em Portugal...


Em Portugal, segundo o Diário de Notícias, alguns professores, escritores, tradutores e antigos jornalistas, contactados pela agência Lusa, opinaram acerca do interesse (ou falta dele) de promover campanhas para salvar palavras do léxico português «em vias de extinção».

As opiniões dividem-se: Há quem defenda que semelhantes iniciativas seriam despropositadas, uma vez que a Língua evolui no tempo, consoante a realidade disponível e a adesão dos falantes às mudanças. E, em contrapartida, há quem aplauda essas medidas como forma de combate ao empobrecimento vocabular.

Pedro Braga Falcão, jovem tradutor e professor de Latim na Universidade Católica, acha que "não é por um político escolher duas palavras por ano e dizê-las de propósito nos seus discursos, que o uso do léxico português vai ser melhorado".

A seu ver, o enriquecimento do vocabulário pressupõe um gosto e cultivo diário da Língua, através da leitura atenta e da consulta de um bom dicionário, e não de o simples decorar de "listas de palavras eruditas e descontextualizadas" ou da repetição de uma palavra que um "qualquer político diz certa vez" nas suas intervenções públicas.

Maria Lúcia Garcia Marques, investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, sustenta, neste contexto, que uma campanha para preservar palavras em desuso, apesar de "meritória", é "ingénua", pois "o léxico deixa de ser válido consoante o tempo, a idade dos falantes, os objectos e sentimentos que designa, sendo até permeável a certas modas e publicidades".

A linguista esclarece ainda que, com o fim da censura linguística após o 25 de Abril de 1974, "certas palavras que eram proibidas pelo regime da Ditadura foram recuperadas, como por exemplo «fascista»".

Também "o vocabulário sexual teve uma libertação enorme", salienta, referindo que os órgãos genitais femininos e masculinos passaram a ser mencionados sem recurso a metáforas ou eufemismos.

Já o escritor de livros infantis e ex-jornalista José Jorge Letria acredita que existe uma "ausência de cumplicidade com as palavras", que suscita o desaparecimento de "vocábulos muito bonitos", como «temperança», entendendo que deveria ser organizada uma campanha nacional em defesa do seu uso quotidiano.

Na opinião do responsável pela Sociedade Portuguesa de Autores, competiria aos linguistas, em articulação com os Media e instituições privadas e estatais de promoção da Língua, efectuar um trabalho de pesquisa de palavras em risco de desaparecer que pudessem ser recuperadas na linguagem corrente e encontrar "o meio-termo entre o vernáculo, que gera incomunicabilidade, e o facilitismo, que gera laxismo" argumenta.

Esta opinião é partilhada por Arnaldo Espírito Santo, professor do Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa, que considera igualmente importante este trabalho, recorrendo-se ao repositório da literatura, pois a Língua, além de "instrumento de comunicação imediata" é "um armazém de cultura".

"Preservar vocábulos que a própria vida não exige é tão inútil como recusar os vocábulos que as novas realidades impõem", contra-argumenta o escritor Mário de Carvalho, realçando que, para certos conceitos técnicos, teve que se importar estrangeirismos até que fossem banidos do léxico ou aportuguesados.

Quanto à tendência para simplificar a linguagem escrita, quando se enviam mensagens por telemóvel ou correio electrónico, ou para «uniformizar» as conversas, pode estar a contribuir, segundo a tradutora e editora Margarida Vale de Gato, para a perda de uso de palavras e regionalismos, sem que isso signifique uma lacuna linguística. Em seu entender, a «mudança» da Língua, a «cargo dos falantes», é "benéfica e verdadeiramente o aspecto que a mantém viva", pelo que duvida um pouco das «medidas de protecção linguística que pretendem impor pela norma o que se faz pelo uso».

O poeta e ensaísta Ernesto Rodrigues conclui, a este propósito, que "a Língua terá sempre arcaísmos e neologismos, as palavras vão e voltam, morrem e ressuscitam, enriquecem-se com outros sentidos".

Talvez a leitura tenha uma palavra a dizer.

domingo, maio 20, 2007

Gabriela Llansol premiada com Grande Prémio de Romance e Novela da APE

Pela segunda vez, a escritora Maria Gabriela Llansol, de 76 anos, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, com a obra "Amigo e Amiga". A primeira vez foi em 1990 com "Um beijo dado mais tarde".
O romance "Amigo e Amiga - Curso de Silêncio de 2004", foi escolhido por maioria pelo júri, composto por Ana Mafalda Leite, Cristina Robalo Cordeiro, Fernando Pinto do Amaral, Luís Mourão e Silvina Rodrigues Lopes e presidido por José Correia Tavares.

Vasco Graça Moura qualificou-a como sendo "uma grande escritora, muito inovadora, sobretudo ao nível da língua", opinando que "a escrita de Llansol não é de fácil acesso".

A subjectividade e complexidade de Llansol é bem «visível» em "Amigo e Amiga": "O texto é a única forma de identificar o sexo e a humanidade de alguém porque, ó poeta estranho, o sexo de alguém, é a sua narrativa. A sua, ou a que o texto conta, no seu lugar. Assim o sexo será como for o lugar do texto".

Maria Gabriela Llansol, de ascendência espanhola, nasceu em Lisboa em 1931 e é considerada uma das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa contemporânea.

A sua forte personalidade e o seu estilo muito próprio afirmaram-se desde 1957 com as narrativas de "Os Pregos na Erva", consolidando-se com "O Livro das Comunidades" (1978) e com todas as suas obras posteriores, de que se destacam "A restante vida" (1978), "Um beijo dado mais tarde" (1990) e "Lisboaleipzig" (1994), entre outras.

Ao prémio de 15 mil euros concorreram 37 editoras, tendo sido admitidas 92 obras publicadas em 2006, o que deu origem a um número recorde de admissões.

O Grande Prémio de Romance e Novela já distinguiu 21 autores portugueses, entre os quais Agustina Bessa-Luís, Vergílio Ferreira e António Lobo Antunes.

quinta-feira, maio 17, 2007

Dia Mundial da Hipertensão


Sob o mote “reduzir o consumo de sal e aumentar a actividade física”, comemora-se hoje o Dia Mundial da Hipertensão. A hipertensão é uma doença bastante conhecida de todos os portugueses. O problema é que nem todos sabem que a têm, tratando-se assim de uma doença subdiagnosticada. Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), “4,2 milhões de pessoas são hipertensas mas apenas 39 por cento dos casos são devidamente tratados”, sendo que esses 39 por cento têm a doença tratada com remédios e dieta, mas apenas 11 por cento desses 39 têm a hipertensão controlada.
Durante 20 ou 30 anos esta doença não tem sintomas, daí que os efeitos por ela causada sejam detectados muito tarde. Um responsável da SPH afirmou mesmo “os sintomas só surgem quando há estragos”. Complicações do foro cardíaco e acidentes vasculares cerebrais (AVC) são duas das doenças que podem resultar dessa falta de sintomas.
O consumo de sal em excesso, a falta de exercício físico, o excesso de peso, alimentação incorrecta e stress são os factores de risco mais conhecidos. Segundo a SPH, em Portugal o sal é consumido em excesso, 12 gramas por dia, o dobro daquilo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda.
Luís Martins, presidente da SPH, recorda que “as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal e a sua prevalência tende a aumentar em todo o mundo”. “É um problema dos pobres nos países ricos e dos ricos nos países pobres. As pessoas com menos recursos têm mais problemas a nível alimentar e não fazem actividade física e nos países em desenvolvimento os mais ricos tendem a imitar os estilos de vida dos países desenvolvidos”, declarou Luís Martins.
Rastreios gratuitos sao hoje realizados em Lisboa e Aveiro.
[Foto: Sapo]

terça-feira, maio 15, 2007

Arranque da fase "Bravo"

Tem hoje início a fase “Bravo”, a primeira do dispositivo nacional de combate a incêndios. Nesta fase, que termina a 30 de Junho, o Governo prevê que estejam envolvidos mais de 6 mil pessoas e mais de mil e duzentas viaturas. Estes meios provêm dos Bombeiros Voluntários e dos Grupos de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR. São esperados 24 meios aéreos, divididos entre 14 helicópteros (quatro ligeiros, quatro médios e seis pesados) e ainda oito aviões ligeiros e dois pesados. No entanto, segundo o jornal PÚBLICO, hoje só estão disponíveis os dois helicópteros permanentes da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), estando um em Loulé e outro em Santa Comba Dão. O porta-voz do Ministério da Administração Interna, Duarte Moral, confirmou ao mesmo jornal que “não há nenhum problema. No fim da fase Bravo estarão a funcionar todos os meios anunciados”. O assessor adiantou ainda que os oito aviões ligeiros de combate a incêndios só estarão em pleno funcionamento a partir de 1 de Junho. De 15 de Junho a 15 de Setembro estarão no terreno as equipas analistas de incêndios e de especialistas no uso de fogo de supressão.