quinta-feira, janeiro 25, 2007

Investigação comprova que rir é mesmo contagioso

O que pode parecer apenas uma impressão, acaba de ganhar uma explicação científica: O riso é contagioso. A causa é a acção dos chamados "neurónios-espelho", que tendem a copiar o comportamento do nosso interlocutor. O papel dessas células já é bem conhecido nos aspectos visuais da comunicação entre primatas, principalmente no que se refere a actividades motoras.

Por exemplo, quando duas pessoas estão à conversa e uma cruza a perna ou os braços, ou mexe no cabelo, ou franze a testa, quase imediatamente a outra vai fazer a mesma coisa. Os neurônios-espelho explicam também por que bocejamos ao ver outra pessoa abrir a boca e nos emocionamos ao ver um filme triste. Estes neurónios estão ligados à nossa capacidade de compreender os sentimentos de outras pessoas, imitar gestos e entender o seu significado.

Segundo a notícia divulgada pela publicação Psicologia e levada a cabo por uma equipa de investigadores liderados por Sophie Scott, do Instituto de Neurociência Cognitiva da University College London, ficou demonstrado que as regiões do córtex pré-motor (área do cérebro ligada à linguagem) activadas durante os movimentos faciais, também estão envolvidas no processo auditivo de vocalizações não-verbais afectivas. Os neurónios-espelho não agem apenas ao «ver» um gesto ou uma emoção, mas são accionados pelo simples som efectuado: “Parece que é absolutamente verdade aquela expressão: sorri e o mundo inteiro vai sorrir contigo”, comentou Sophie Scott.

Mas os investigadores pretendem ainda mostrar que este facto não ocorre com qualquer sentimento, mas principalmente com os mais positivos. Para comprovar a tese, os investigadores expuseram voluntários a uma série de sons, enquanto mediam a resposta do cérebro com imagens por ressonância magnética funcional. Alguns dos sons eram positivos, como risadas ou “u-hus” de triunfo, e outros eram desagradáveis, como gritos ou sons de gente a vomitar. Todos os sons desencadearam uma resposta na região do córtex pré-motor dos cérebros dos voluntários.

A resposta foi mais significativa para os sons positivos, sugerindo que eles são mais contagiosos do que os negativos. Para os cientistas, isso explica por que normalmente respondemos com um sorriso involuntário a uma gargalhada ou comemoração. É que, a resposta do cérebro - reflectir o comportamento e o estado emocional dos outros automaticamente, levando a pessoa a também sorrir - ajuda os seres humanos a interagirem socialmente e a fortalecer as relações entre os indivíduos de um grupo. “Este mecanismo neural tão básico, encontrado também entre macacos, certamente foi fundamental para estabelecer a coesão dentro dos grupos sociais primatas”, explica Sophie Scott.