sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Estudos revelam a importância de educar para a resiliência

Estudos recentes, na área da psicologia e da sociologia, estão a desafiar a velha ideia de que os traumas e riscos levam necessariamente ao desenvolvimento de doenças mentais ou emocionais. E revelam a importância de uma educação, em casa e na escola, voltada para a resiliência.

Segundo a psicóloga Guiomar Namo de Mello, em entrevista à publicação Filosofia, existem pessoas que têm dificuldade em recuperar-se e deixam destruir-se pelos acontecimentos, por outro lado, outras aprenderam a lidar com a adversidade, e até se tornam mais fortes depois de uma situação dolorosa: "São aquelas que sabem fazer limonada dos limões que a vida lhes reserva", refere.

As Ciências Humanas chamam a esta capacidade de dar a volta por cima, resiliência, termo originalmente utilizado na Física, para descrever a capacidade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original, após terem sido submetidos a uma deformação elástica.

Guiomar Mello diz que "ensinar o aluno a ter uma postura positiva e restabelecer-se diante de situações difíceis, talvez seja um dos objectivos mais importantes da escola", especialmente em alunos que possam ter mais dificuldades em realizar um projecto de vida, pois essa meta será alcançada mais facilmente, se a escola for capaz de proporcionar experiências bem sucedidas de aprendizagem.

Para a psicóloga, educar para a resiliência é ensinar em clima de acolhimento e confiança. Assim, crianças e jovens encontrarão aquilo de que mais precisam: Vivenciar experiências de sucesso que lhes mostrem o quanto são capazes. "Dosar confiança com prestação de contas e acolhimento com autonomia é difícil, mas não impossível", declara, dizendo ainda que "ajuda muito estabelecer limites, como a negociação de regras claras, que sejam válidas tanto para adultos, quanto para crianças e jovens".

Outra coisa que diz valer a pena é inserir no currículo a aprendizagem, não apenas de conhecimentos, mas também das atitudes que são necessárias para a vida, como a cooperação, a acção positiva para a resolução de conflitos e de problemas e a postura firme de resistência e de segurança para a tomada de decisão.

Para isso, refere ser necessário criar oportunidades para que todos participem e tenham responsabilidade. Estabelecer expectativas realistas de desempenho, respeitando a capacidade do grupo, mas sempre apostando que conseguirão ir mais além. E sempre oferecendo apoio e encorajamento aos alunos: "Os alunos precisam sentir que os seus professores têm confiança neles e na sua capacidade de aprender", finaliza.