quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Ministro da Economia criticado por declarações em Pequim

O ministro da Economia, Manuel Pinho, argumentou esta quarta-feira, em Pequim, que os salários baixos dos portugueses são uma forte razão para a China investir em Portugal.

Na abertura do Fórum de Cooperação Empresarial Portugal China 2007, em Pequim, Manuel Pinho apelou ao investimento chinês em Portugal, alegando que os custos salariais são inferiores à média da União Europeia (UE) e têm uma menor pressão de aumento do que nos países do alargamento. O BE, PCP e CDS-PP já criticaram as declarações de Manuel Pinho.

Segundo o Diário de Notícias, o debutado do BE, Fernando Rosas, disse em declarações à Agência Lusa, que o ministro da Economia entrou em "contradição gritante" com a "retórica do Governo" sobre requalificação, ao apontar os salários baixos como uma razão para a China investir em Portugal. Acrescentando ainda que "de repente, na visita à China, o factor competitivo já é a mão-de-obra barata".

Para Fernando Rosas, "é extraordinário e pelo menos lamentável" que o ministro da Economia, no decurso de uma visita oficial à China, tenha "valorizado a mão-de-obra barata disciplinada e que não tenha reivindicado nada".

Também o deputado comunista, Jorge Machado, referiu que "as declarações do ministro constituem a prova de que, ao contrário do que foi afirmado pelo Governo, não há qualquer intenção de mudar o modelo de desenvolvimento" e que "os baixos salários continuam a ser a referência quanto à competitividade".

Jorge Machado acrescentou que o PCP pretende confrontar Manuel Pinho com o assunto, quando o ministro for à reunião da comissão parlamentar de Economia, que ainda não está agendada.

Do CDS-PP, Diogo Feio, considera "inaceitáveis" as declarações do ministro da Economia, comentando que "Se não fosse uma tragédia teria de ser comédia", e dizendo que “o factor essencial da competitividade de uma economia não deve ser o preço da mão-de-obra. É mau demais para ser verdade. Apresentar Portugal como uma espécie de paraíso da União Europeia pelo preço da mão-de-obra é inaceitável, ainda para mais quando se está na China", conclui.