sexta-feira, dezembro 07, 2007

OPINIÃO

Encontrei este texto escrito por Pedro Arroja:

"Conforme argumentei no post anterior, os preconceitos representam a sabedoria acumulada que os nossos antepassados nos legaram e que nós utilizamos de forma automática. Dizer que os preconceitos são irracionais constitui uma grande pretensão da nossa parte.
(…)
Como não parece racional admitir que a geração presente - que ainda anda a aprender e a experimentar a vida - saiba mais e melhor acerca dos problemas permanentes da natureza e da vivência humana do que centenas de gerações anteriores - que já a viveram -, então a atitude verdadeiramente racional consiste em adoptar, pelo menos provisoriamente, o conhecimento herdado - o preconceito - em lugar de o rejeitar.
(…)
Na realidade, no dia em que os nossos antepassados tivessem aceite a homossexualidade como regra geral do comportamento humano teria sido o dia em que a sua cultura - ou, mais geralmente, a humanidade - teria iniciado o caminho para a sua própria extinção. A atitude racional em relação à homossexualidade está, portanto, do lado do preconceito, que implica a sua rejeição como regra geral de comportamento - não a sua aceitação."

... E achei que merecia um comentário:

O elaborado e profundo raciocínio de Pedro Arroja leva a algumas conclusões interessantes. Se o saber acumulado é sempre superior ao saber a que chegamos através da razão, então não vale de muito o pensamento crítico. Paramos de pensar e imitamos os avós. O pseudo-conservadorismo de Pedro Arroja só é conservadorismo no nome: na prática, é indigência intelectual.

É possível dizer que nem todo o o saber acumulado é bom ou razoável; Mas, no post, Pedro Arroja não esclarece nenhuma regra prática para se separar as heranças racionais das heranças irracionais e desnecessárias. Simplesmente assume que o preconceito contra os homossexuais é um preconceito racional e fica-se por aí, sem procurar saber se a mudança proposta é racional ou não. Ou seja, demite-se de pensar. O que até nem se estranha: para quem defende as teses de Arroja, pensar criticamente pode ser realmente um grande empecilho.

Sugiro, portanto, que comecemos todos a usar apenas os preconceitos, sem pensar nem fazer uso da razão ou do bom senso. Nunca nos conhecermos verdadeiramente, nunca seguirmos o nosso eu e sempre obedecendo - qual Govinda - e venerando essa verdadeira sabedoria que sempre nos levou longe - bem longe, como prova o passado - que é o preconceito. Aliás deveríamos ser proibidos de aprender com os erros do passado.

E já agora como "a atitude versadeiramente racional consiste em adoptar, pelo menos provisoriamente, o conhecimento herdado - o preconceito - em lugar de o rejeitar" - nada de questionar, isso é que não - vejamos o que seria racional:

A MULHER deveria ser obrigada a casar (virgem), obedecer, calar e satisfazer todos os desejos do marido, caso contrário apedrejar-se-ia na praça pública.

Breve recordação daqueles miseráveis touros, tivessem eles o poder divinal do castigo de deus… e qual romaria à capelinha do sagrado. Então só há bondade quando há medo? Quando o outro é mais forte, omnipotente. E quando o outro é mais fraco, mais frágil, impotente? Se não mete medo lá se vai a bondade toda?

A pí(r)ula - há que preservar na escrita a tradição oral - nem pensar. Deixemos a nossa vida nas mãos do senhor, que ele sabe mais do que nós e antes que se chateie connosco...

Filhos? Um dever. Uma obrigação. Aliás mulher que é mulher tem um instinto de maternidade, ai! da qual não tem tal instinto. E uma mulher que não é mãe nem sequer mulher por inteiro é. Procriar. Procriar. Não é assim que manda a bíblia? E não, nada de prazer, para a mulher claro está. Esse fica reservado ao homem. À mulher dá-se a culpa. Mutila-se. Arranca-se o clítoris, os lábios vaginais e tudo o que mais a tesoura, a navalha, a faca ou o caco de vidro conseguirem apanhar. É a lei da tradição meus caros.

QUANTO AOS HOMENS devem iniciar a sua vida sexual com uma prostituta, de preferência sem preservativo. E devem continuar a ejacular no maior número de vaginas possível, pois a cultura, a tradição e a educação que faz muito da nossa mente - essa, diz-lhes que não podem recusar um convite feminino. Então são machos ou não são machos? Uh?