segunda-feira, dezembro 11, 2006

Augusto Pinochet morre aos 91 anos

Augusto Pinochet morreu este domingo, aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago devido a complicações cardíacas. Pinochet foi um ditador chileno entre 1973 e 1990  .
Pinochet fora internado há uma semana, após sofrer um ataque cardíaco. A sua morte ocorreu no dia de aniversário da sua esposa, Lucía Hiriart Rodríguez, que completou 84 anos.

Grupos peruanos, defensores dos direitos humanos, ressaltaram ainda a ironia da morte do ditador chileno ter ocorrido no Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado este domingo.

O jornal Público adianta que, milhares de chilenos opositores do ex-ditador saíram às ruas para festejar, enquanto os admiradores reuniram-se em frente ao hospital. Os opositores comemoravam com canções, cartazes e bandeiras e, na Praça das Armas, familiares das vítimas do regime de Pinochet abriam garrafas de champanhe. Já no Hospital Militar, dezenas de simpatizantes choravam a sua morte, levantando fotografias do ex-ditador e cantando o hino nacional chileno.


Últimos anos

Pinochet passou os últimos anos de sua vida enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes, cometidas durante os 17 anos em que esteve no poder.

A ditadura militar de Pinochet foi responsável por mais de 2 mil assassinatos e desaparecimentos, enquanto cerca de 27,5 mil pessoas foram vítimas de tortura, de acordo com um relatório citado no Público. Apesar das acusações, Pinochet nunca chegou a ir a julgamento, já que a defesa sempre alegou que a sua saúde era muito frágil para que ele enfrentasse o processo judicial.

Na segunda-feira passada, o juiz Víctor Montiglio ordenou a prisão domiciliar do ex-ditador, como suposto responsável pelo sequestro e homicídio de dois presos políticos em 1973, dentro do caso chamado "Caravana da Morte". As duas vítimas eram membros da segurança do presidente socialista Salvador Allende, que se suicidou no palácio de La Moneda, durante o golpe liderado por Pinochet a 11 de setembro de 1973.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiava a Dina (polícia secreta chilena), sob o regime de Pinochet, testemunhou ao juiz Claudio Pavez que Pinochet e seu filho, Marco Antonio, estariam envolvidos na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína.

Recentemente, Pinochet divulgou um comunicado, afirmando que assumia a responsabilidade política pelos actos cometidos durante o seu regime, mas que a única razão para suas medidas foi para fazer do Chile um grande país e evitar a desintegração: "Perto do final dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo a minha pátria acima de tudo, que assumo a responsabilidade política de tudo que aconteceu", afirmou o ex-ditador, em mensagem lida pela sua mulher, Lucía Hiriart.